Ser jovem, hoje, significa estar diante de incertezas ao pensar no futuro. A adolescência é um período de passagem da infância para a idade adulta, em que o jovem tem possibilidades de se experimentar em campos afetivos e em escolhas profissionais, até que seja inserido no mercado de trabalho.
Este, porém, tem se modificado, tornando-se cada vez mais competitivo, exigindo trabalhadores qualificados, portanto, um bom nível educacional é essencial para obter bons salários. Nesse contexto, o jovem passou a se inserir mais tardiamente no mercado, prolongando sua adolescência, tornando-se assim, destituído de reconhecimento social simbólico.
Em conseqüência disso, surgem as multiplicações das formas de violência entre jovens que, em suspensão no espaço social, disseminam práticas como bullyng e a delinqüência juvenil.
Enquanto a prática do bullyng estabelece uma hierarquia entre corpos, jovens humilham e agem com violência contra colegas considerados frágeis e vulneráveis, na delinqüência juvenil, jovens agridem certos segmentos sociais, visto que as novas condições precárias de mercado de trabalho fazem com que estes de classe média e elite se defrontem com os mesmos impasses de classes populares. Em decorrência disso, eles passam a projetar, em seu imaginário, que certos segmentos sociais como homossexuais e mendigos representem a decadência na hierarquia social, uma visão do que eles poderão vir a ser no futuro.
Enfim, o medo e a insegurança com relação ao futuro, é decorrente de o jovem estar desprovido de espaço na sociedade. A ausência de inserção no mercado de trabalho o deixa em suspensão e sujeito a sua própria sorte. Este estado se evidencia nas maneiras de lidar com essa problemática, sendo que as diversas formas de violência disseminadas pelo jovem acabam sendo uma válvula de escape para suas incertezas e medos.
Michele Aparecida de Almeida, 19 anos – Capital Juvenil.
Texto de opinião baseado na matéria “Ser ou Não Ser” da Revista Cult. Julho/2011.
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